A crise desencadeada pela pandemia de coronavírus levou muitas pessoas a experimentarem uma redução significativa em suas rendas profissionais, aumentando substancialmente o risco de endividamento. Nesse contexto, a falta de conhecimento sobre o gerenciamento das finanças ainda persiste como um grande problema na cultura brasileira.
De acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) realizada em agosto de 2020, o endividamento das famílias brasileiras alcançou seu nível mais elevado em mais de uma década, atingindo 67,5% em termos percentuais.
Embora a situação atual relacionada à pandemia apresente desafios consideráveis, é possível abordar uma questão: aprender a administrar de forma mais eficaz as finanças pessoais. Para isso, é fundamental compreender o que é o endividamento e como evitá-lo.
Distinção entre endividamento e inadimplência
O endividamento financeiro ocorre quando há parcelas pendentes de compras ou créditos, incluindo financiamentos e empréstimos. Isso significa que, ao dividir uma compra no cartão, você já está em uma situaçãocomo essa, mesmo que esteja em dia com seus pagamentos.
É crucial esclarecer essa distinção, pois é comum confundir endividamento com inadimplência, que ocorre quando alguém não paga suas contas na data de vencimento.
Portanto, estar endividado não é necessariamente negativo ou fora do comum, desde que você mantenha suas contas e parcelas sob controle. Caso contrário, um pequeno endividamento pode evoluir para inadimplência.
Os desafios do endividamento excessivo
Em muitos casos, o endividamento pode consumir até metade da renda familiar. Isso implica que 50% do que você ganha é direcionado para o pagamento de parcelas, seja de cartão de crédito, empréstimos ou outras dívidas. Segundo dados do CNC, essa é a realidade de 22,1% das famílias endividadas.
Viver com um orçamento tão ajustado assim representa o risco de inadimplência. Para evitar problemas, é aconselhável manter o comprometimento com as dívidas limitado a, no máximo, 30% da renda familiar.
A incapacidade de gerenciar essas parcelas pode se tornar um problema sério. Além disso, o acúmulo de dívidas e o nível geral de endividamento no país podem resultar em taxas de juros mais elevadas, tornando o acesso ao crédito mais caro e difícil.
Além disso, a falta de capacidade de negociar ou a falta de interesse em fazer um acordo pode levar à perda de patrimônio, aplicação de multas punitivas e até ações judiciais.
Cinco dicas simples para evitar o endividamento
- Registre suas finanças detalhadamente: É importante registrar seus ganhos, gastos e o destino de seu dinheiro. Isso pode ser feito em papel, planilhas no Excel ou aplicativos de controle financeiro.
- Viva dentro de suas possibilidades financeiras: Evite gastar mais do que ganha, mantendo suas despesas mensais abaixo de sua renda. O ideal é limitar suas dívidas a 30% do que você ganha.
- Prepare-se para emergências financeiras: Como imprevistos podem ocorrer a qualquer momento, é essencial criar uma reserva de emergência para enfrentar essas situações inesperadas.
- Planeje suas compras com antecedência: Evite o consumo excessivo e compras por impulso. Antes de realizar uma compra, avalie o custo-benefício, questione se realmente precisa do item e verifique se ele se encaixa em seu orçamento.
- Evite soluções financeiras fáceis: Caso sua situação financeira se complique, evite cair em armadilhas de crédito fácil e esteja atento a golpes financeiros. Analise taxas de juros, Custo Efetivo Total (CET) e compare as ofertas de diferentes instituições financeiras. Compartilhe suas preocupações com amigos e familiares para obter conselhos adicionais.
Adquirir hábitos financeiros responsáveis e gerenciar suas finanças com atenção e cuidado pode proporcionar uma vida financeira mais saudável e, eventualmente, deixar algum dinheiro disponível ao final do mês.